HQ Memories 24
Chegamos à nossa edição de número 24! Uma seleção privilegiada de histórias raras e de ótima qualidade como dificilmente se encontra por aí!
Vamos às nossas atrações:
Sandman - Star of Singapore, Adventure Comics nº 55, National Comics Publications, Outubro de 1940: o Sandman original, Wesley Dodds, foi publicado pela primeira vez em uma história autointitulada na New York World’s Fair Comics nº 01 (por “Larry Dean”, um pseudônimo de Gardner Fox e Allen Bert Christman). Esta foi uma antologia lançada pela National Comics Publications, mais tarde conhecida como DC, para ser vendida em conjunto com a feira de 1939. Publicado um mês após a primeira aparição do Batman em Detective Comics nº 27 (por Bill Finger e Bob Kane), Wesley também era milionário por herança.
Deixando de lado o traje relativamente único, Wesley não tem personalidade além da sensibilidade básica e a arma de gás sonífero é uma novidade por si só e faz parte de uma história em quadrinhos que tenta atingir o público da classe média em ascensão no final da Grande Depressão, buscando capitalizar a onda de homens misteriosos da época. No Brasil recebeu o nome de Homem-Máscara no Mirim e O Máscara na Ebal.
Gardner Fox (1911-1986) nasceu no Brooklyn, Nova York, graduou-se em direito em 1935. Com a depressão econômica dos Estados Unidos, foi procurar emprego como escritor na DC, onde seu amigo Vin Sullivan era editor. Seu primeiro roteiro foi para o personagem “Steve Mallone, District Atorney”. Durante sua carreira, ele criou diversos personagens como o “Flash” original (com Harry Lampert) e “Gavião Negro” (com Dennis Neville). Com o editor Sheldon Mayer e o artista E. E. Hibbard, Fox criou a “Sociedade da Justiça da América”.
Teobaldo, o detetive biruta - Diário da Noite (SP) - 1963: ao ser demitido da Folha de S. Paulo por motivos políticos, Mauricio de Sousa foi praticamente banido da imprensa paulistana. Para conseguir continuar sua jornada nos quadrinhos, montou a Bidulândia Serviços de Imprensa, dedicada à criação e distribuição de tiras para jornais. Por pouco mais de um ano e meio Mauricio revezava os clichês de seus trabalhos entre vários jornais regionais de São Paulo, e até do Rio de Janeiro, e semanários das igrejas católicas, distribuindo as tiras anteriormente publicadas na Folha. Praticamente não havia material inédito, mas Maurício conseguiu emplacar no Diário da Noite as tiras de Teobaldo, o detetive biruta, de Lyrio Aragão. A Bidulândia viria a ser o embrião da Mauricio de Sousa Produções, que passou a existir assim que o desenhista e empresário reingressou às redações da Folha. As tiras aqui apresentadas são dessa fase, com o visual do personagem ainda pendendo para a década de 1950, paletó de ombreiras e chapéu de aba larga, diferente da versão posterior, apresentada na edição nº 05 do Tiras Memory.
Pesquisa de hábitos de leitura, Diário popular, 24 de novembro de 1969: o editor do antigo fanzine PolitiQUA, José Carlos Ribeiro, nos enviou esta tabela de hábitos de leitura dos jornais em São Paulo - SP. Fica claro que os periódicos dito “populares” eram realmente populares. O Notícias Populares, os Diários e os esportivos eram os preferidos das pessoas que tinham apenas os primeiros graus de estudo e habitavam as zonas mais pobres da cidade, como a Zona Leste, por exemplo. Infelizmente esses veículos são postos em segundo plano e a maioria não está disponível nas várias plataformas digitais da rede mundial.
Esses veículos, ao nosso ver, ofereciam muito mais liberdade aos autores, nos quesitos desenho e temas. Talvez por não darem tanta importância ao assunto? Quem sabe?...
Scribbly - All-American Comics nº 06 - setembro de 1939 - DC Comics: essas quatro páginas icônicas de Scribbly apareceram como quatro histórias completas na edição 06, narrando a jornada de Scribbly Jibbet para ser contratado como um cartunista de 13 anos e meio, em um enredo baseado nas próprias experiências de Mayer na indústria de quadrinhos no início dos anos 1930. Quatro páginas assinadas por Mayer e também assinadas “por Scribbly’’ no topo do painel único “Why Big Brudders Leave Home’’, o título da série de Scribbly Jibbet.
Sheldon Mayer (1917–1991) é bem conhecido no Brasil pela série Tutuca e Teleco-Teco (Sugar and Spike), publicada pela Ebal e também e reconhecido como a cara que resgatou as tiras do Superman (de Jerry Siegel e Joe Shuster) da pilha das rejeitadas, pela qual ele “se apaixonou imediatamente”.
Tamacavi, o gigante lendário - Jornal Juvenil nº 01 - 10 de novembro de 1961 - Empresa Jornalística Guarany: tabloide quinzenal infanto-juvenil de quadrinhos e reportagens, o J.J. teve o mérito de ser um dos poucos veículos paulistanos a publicar Mauricio de Sousa em seu período de perseguição. Apresentamos aqui a aventura Tamacavi, produzida pelo grande ilustrador e quadrinhista Manoel Victor Filho (1927-1995), e de quem falamos um pouco em nosso nº 09, baseada em uma lenda indígena.
O último voto - O Estado de São Paulo - 26 de maio a 06 de junho de 1987: em outubro de 1986, por ocasião do vigésimo aniversário da Lucca Comics, a Comic Art, em colaboração com a Anistia Internacional, apresentou o volume I Diritti Umani, “Direitos Humanos”, com nove histórias dedicadas a vários artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela ONU no final de 1948. Entre outros, colaboraram Will Eisner, com a história aqui apresentada; Milo Manara, no nosso nº 05 e Andrea Pazienza, na edição nº 22.
O Conde Crápula - Barra Limpa nº 02 - editora Jotaesse, 1968: a revista Barra Limpa, apesar de parecer uma das muitas revistas de piadas que circulavam no Brasil nesse período, na verdade se propunha a ser um magazine estilo MAD, com sátiras a programas de TV e à cultura popular. A aventura do Conde Crápula foi uma das histórias produzidas por Lyrio Aragão e publicadas nessa revista, que teve , ao que se sabe, apenas duas edições. A data também é aproximada, pois não consta do expediente e o preço é grafado em Cruzeiros Novos (13/12/1967 a 14/5/1970).
O Tocha Humana - O Não-humano: Na década de 1950, Dick Ayers começou a trabalhar para o escritor/editor Stan Lee na Atlas Comics, a encarnação da Marvel na década de 1950. Ele ilustrou um número significativo de histórias de faroeste, de guerra e de terror, bem como desenhou várias histórias para o breve renascimento do Tocha Humana e Centelha originais em 1954. Uma de suas histórias do Tocha Humana permaneceu inédita por 14 anos, até o editor Roy Thomas teve “The Un-Human!” publicado nas páginas de Marvel Super-Heroes nº 16 (setembro de 1968).
Achille Talon est un homme moderne - Dargaud - 2014: o célebre personagem criado por Greg, assim com Blake e Mortimer e Corto Maltese, sobreviveu ao passamento de seu criador e teve vários álbuns publicados com aventuras inéditas por outros autores. Em nossa contracapa um exemplo de uma dessas suas novas aventuras, por Fabcaro e Serge Carrère. Talon é conhecido no Brasil por suas aventuras publicadas pelas revistas da editora Vecchi na década de 1970.
Boa leitura!!!
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luigirocco29@gmail.com
Por ser este um material antigo, de uma época passada, alguns conceitos, ideias e opiniões podem divergir do entendimento atual. As publicamos o mais fielmente possível, em respeito ao seu conteúdo e contexto histórico.
Formato: 21 x 29,7 cm
44 páginas
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